quinta-feira, 6 de março de 2008

Texto William A. - Múltiplos

Múltiplos

Na historia da arte moderna a gravura sempre esteve presente, e foram inúmeros artistas que se enredaram por seus caminhos, em sua maioria são artistas que buscam algo a mais para extravasar sua poética, temos entre eles: Goya, Eduard Munch, Toulose-Lautrec, Andy Warhol etc. e não precisamos sair do Brasil para ver a força da gravura na historia da arte: Goeldi, Iberê Camargo, Renina Katz, Fayga Ostrower, Volpi, etc.

Na Bahia a gravura moderna surge a partir dos anos 50, com sua força hipnotizadora ela foi conquistando adeptos, temos vários artistas gravadores como: Mario Cravo, Juarez Paraíso, Calazans Neto, Juraci Dórea, Terezinha Dumet, Yêdamaria, etc.

Nesta primeira década do século XXI houve uma reunião de jovens artistas gravadores, que realizaram uma serie de exposições de gravura com: Sim Gravura, Não Gravura, O que é que a gravura tem? em 2005 e ainda a exposição Matrizes em 2006 e Mais Gravura em 2007 todas em Salvador e a exposição Aqui Gravura em Feira de Santana. Isto prova que a gravura esta bem atuante, além de continuar experimental e contemporânea.

Agora chegamos em 2008 e é com enorme prazer e orgulho que através de um projeto de curadoria apresentado no edital “Diálogos Estéticos”, aprovado pela fundação cultural da Bahia, trago a publico a exposição: “2008: Gravuras Baianas” com a participação de Sante Scaldaferri, Mestre Duda, Adriano Castro, Henrique Dantas e William A.

Esta exposição vem à tona para mostrar que além de viva a gravura sofre mutações e se renova a cada impressão. Nesta mostra, novos gravadores junto com pioneiros da gravura moderna da Bahia trazem a publico sua nova e constante produção, provando assim a multiplicidade desta técnica milenar.

Feira de Santana foi escolhida para esta mostra porque além de ter o único Museu de Arte Contemporânea da Bahia, possibilitando mostrarmos o que existe de mais atual na gravura, representando também a descentralização dos espaços expositivos. Considerada o Portão do Sertão, Feira vem para cumprir a nova conscientização da arte trazendo o tradicional à contemporaneidade, levando a arte além das capitais, podendo assim criar uma inclusão cultural na população esquecida do interior.

2008: Gravuras Baianas vem com artistas em pesquisas na nova gravura. A gravura feita como há séculos, incorporadas aos novos meios tecnológicos, mas sem deixar de lado o eterno exercício do ser humano em deixar suas impressões.

Sante Scaldaferri que faz parte do inicio da historia da gravura moderna na Bahia, freqüentou as primeiras oficinas de gravura ministradas por Mário Cravo, foi companheiro do mestre Calazans Neto, hoje desenvolve uma pesquisa na área das gravuras digitais com suas inforgravuras, mas sem abandonar seus ícones dos ex-votos.

Adriano Castro que depois de suas monotipias de guerreiros, aviões de combates, tanques de guerra, etc. traz agora seus personagem e símbolos históricos equipados com modernas armas de fogo, realizando em Gravura em metal seus desenhos.

William A. deixando os signos das transferências realizadas na litografia, agora vem para mostrar seus “homines viatores”, estes seres surgidos do barro e incorporados pela gravura, seres amorfos, imóveis, contemplativos, com cores fortes e chapadas características da serigrafia e o emaranhado da Gravura em Metal.

Mestre Duda com suas eternas matrizes labirínticas faz de suas xilogravuras verdadeiras esculturas que se renovam a cada detalhe colado e retirado a exaustão, trazendo toda sua baianidade impressa em papeis meticulosamente pintados com lápis de cor.

Henrique Dantas que com suas idas e vindas na gravura realiza agora transferências de imagens decorrentes de nosso cotidiano, provocando uma reflexão sobre o homem no mundo de hoje, transformando estas em verdadeiras gravuras de uma só cópia.

O ato de gravar não é simples a matriz não se entrega fácil, mas para quem realiza é fascinante, e os resultados provam que cada gota de suor valeu à pena, e desta forma a gravura com seu ar milenar entra no novo milênio.

William A.

Curador

Andaraí, fevereiro de 2008.

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